quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Justiça seja feita...




Toda vida minha mãe reclamou de ônibus. Que ônibus demora, é perigoso, desconfortável, apertado e chato. Só comecei a andar de buzu agora, por necessidade, e sob um olhar meio preocupado dela. E ela tava certa mesmo.



Mas justiça seja feita: andar de ônibus sentindo a brisa e admirando o mar de Salvador é completamente diferente de andar pela Avenida Brasil. Mesmo que sejam as mesmas 2 horas de viagem.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Aula sobre o Egito


Ok, então hoje eu tive aula de História Egípicia da Arte, em História da Arte. Com datashow. Vi fotos do templo de Luxor (como essa daí), cujo teto era azul-celeste, e descobri que nenhuma parede ou colena ficava sem desenhos e escrituras. Ou seja. o que a gente acha sublime hoje, naquela época deveria ser o céu.
Me emocionei ao pensar nas maravilhas que deviam ser os templos, os palácios, as pirâmides. Suspirei não sei quantas vezes e quase chorei.
A mitologia era linda, os símbolos... Malie vai explicar aula que vem porque eles faziam o rosto e as pernas de perfil e o tronco pra frente. Ela diz que eles tinham uma lógica bem clara na cabeça pra fazer isso.
Mas ainda acho que eles não sabiam desenhar mesmo.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Sol de vidro

"O coração na sombra do relógio,
que será de nós, que será de vós,
as virgens passam implorando
o soldado morto na colina.

Vem de ti o rumor sem número,
pontes, archotes, o que será mais,
música e tarde para o fim,
este instante não é o soluço.

Quieto no tempo um lampião
acende as mulheres atrás dos copos,
você sempre com a mesma boca
não por que pressentimento
acorda, Princesa, é o sol de vidro."

- Drummond

quarta-feira, 18 de julho de 2007

A queda

Confesso que estava feliz demais quando o avião da Gol se chocou com o Legacy em setembro do ano passado. Meu aniversário acontecera havia poucos dias, e eu ainda rebobinava a agradável lembrança da festa no Boliche: os risos dos meus amigos, das pessoas que eu gosto, os abraços do meu então namorado. Tinha sido um dia alegre. Houve bolo, strikes e partidas de Pump. Foi alegre. Foi brilhante.

Tão alegre e brilhante que mesmo a tragédia no meio da selva não me causou medo, nem revolta. Eu me entristeci, é lógico: 154 pessoas morreram por causa de uma burrada espetacular das mulas dos pilotos do Legacy. Mais o “buraco negro” aéreo. Mais a dificuldade de acesso ao local do acidente. Mas pra mim era o caso de uma bruta fatalidade, daquelas que só acontecem uma vez a cada século. Algo sem sentido em que uma série de fatores que se encadeiam até culminar numa catástrofe, num morticínio generalizado. Um acidente daqueles, naquelas proporções, era surreal. No final, fiquei mais intrigada que assustada.

E depois de ler numa revista que as chances de todas as premissas do acidente acontecerem de forma a causá-lo eram de uma em mais de dois milhões, me acalmei de vez. Era mais fácil, ou tão difícil quanto, acertar na Mega-Sena a sofrer um acidente daqueles. Isso provava que nada era impossível (nem ganhar na Mega-Sena), mas algo assim era acolhedoramente raro. Convenhamos, dois aviões se chocando justamente num lugar com o sinal de radar fraco e com um deles sem ter ligado o localizador é uma situação bizarra. E confirmou meu sentimento de que não havia nada a fazer nem nada a temer agora, aquilo nunca aconteceria de novo.

E nunca mais aconteceu até agora, quase um ano depois. Desta vez estou mais feliz do que no ano passado, na flor dos meus 17 anos, e menos alegre. Estou mais satisfeita e mais esperançosa, sem a fugaz e louca sensação de euforia da festa. E mais alerta também. Tanto que quando ontem à noite meu pai desceu as escadas e apareceu à porta do escritório para me comunicar sobre o acidente notei depressa que não era mais uma piada boba. E cobri a boca com a mão ao ouvir.

O avião derrapa na pista, atravessa a avenida, e ao tentar arremeter bate no depósito de cargas da sua própria companhia. Explode. Causa um incêndio monumental. Cinqüenta bombeiros lutaram contra o fogo e, agora, no resgate de corpos. E o que mais me assusta não é só a extensão do dano -186 pessoas só no avião, sem registros de sobreviventes deste -, mas a forma imbecil como foi causado: um aeroporto no meio da cidade, uma pista escorregadia, um provável erro do piloto. Outra vez um casamento de fatores. Mas neste caso as chances de acontecer são muito, muito maiores. Não é a primeira vez que um avião vai parar no meio da rua ao não conseguir parar em Congonhas; não é o primeiro acidente grave. Mas desta vez as premissas não são surreais. Elas são palpáveis, acontece de verdade, e vai acontecer de novo com maior ou menor intensidade.

Minha mãe vai voltar de Curitiba no Sábado, e terá de fazer uma conexão em Congonhas. Ela está com medo. Eu também. Contra um acidente não há o que fazer senão rezar, e já se viu que com ingredientes simples se faz uma tragédia. Pra mim, pra você. Eu estou meio de luto.

Uma questão de toque

Aí é quando você percebe que é tudo uma questão de toque. Tudo é uma questão não do que se fala, mas como se fala. Não se é importante para o outro, mas se seus olhos dizem que é importante pra você. Não é uma questão racional: é tudo toque, feeling, jeitinho de dizer e de fazer. É o que você diz sem falar.

Uma pesquisa encomendada por um programa de linguagem corporal disse que o que você está dizendo corresponde a apenas 7% do impacto sobre o interlocutor. O mais importante é o modo como você se mexe, o que faz com as mãos, o jeito que olha para o interlocutor, o tom de voz. Isso - e não o conteúdo dito - é o que atrai a atenção do outro.

Daí as pessoas se perguntam como, por exemplo, Hitler chegou ao poder com todo aquele apoio popular. Mesmo com as condições político-sócio-econômicas, como o país humilhado e arruinado, e o rancor contra os comunistas, a maioria das pessoas repudiaria causar um genocídio. Hitler chegou no momento certo, fomentou o sentimento certo (para ele), levantou a moral de seu povo e apoiou medidas sociais. Ele era uma ator, um artista. Ele tinha carisma, tinha toque. Logo, tudo o que ele falava fazia sentido. Os judeus não seguem a moral cristã, os judeus são ricos e mesquinhos e párias, que abandonaram a terra onde foram acolhidos para ajudar estrangeiros na Primeira Guerra. Então que eles morram! Somos uma raça pura, somos superiores. Ler isso e aceitar é absurdo hoje - mas engolimos mentiras e verdades todos os dias de pessoas que saber convencer, e elas não precisam ser Hitler.

Daí as pessoas se perguntam como, por exemplo, elegemos ladrões para nos governar. Ou como a figura de Jesus se tornou tão popular. Ou como as pessoas são loucas pela Madonna!! É toque, é feeling, é saber o que dizer e o que fazer na hora certa, mesmo sem palavras. Não importa que saibamos que isso é irracional, que é errado, que é uma pessoa má ou uma má idéia. É preciso muita força de vontade para resistir a um carisma forte sem se arrepender porque "todo mundo vai".

No fim, é tudo saber dizer, e não o que se fala. Quando descobri isso, fiquei zangada e desapontada. Não importa quão certa eu esteja - o importante é a arte de saber convencer. Mentiras muitas vezes repetidas tornam-se verdade, diz o tolo, e se proclamando sábio ganha um trono de ouro.

Foi aí que comecei a discursar para o espelho.

terça-feira, 17 de julho de 2007

OLÁÁ!

Oiê!!! Bem-vindos a este blog meio mais ou menos.

(Será que desta vez vou conseguir manter um blog? sei não, sei não...)

Mas seja como for vai ficar meio sem-graça até eu fazer um desenho decente pra pôr no layout. E algo decente pra escrever. Blé.

Quem ler isto vai me conhecer aos poucos, como eu gosto que seja.

Bem-vindos à Tenda da Raposa Branca!!